O dia está terminando e cá estou, com aquela angústia de sempre por pensar que não fiz nada do que deveria hoje.
No entanto hoje não foi um dia comum, foi um dia falecido, que se foi junto com o meu avô paterno.
Ele era já uma vida frágil, perdeu as forças físicas e depois passara vários dias no hospital, todos já esperavam o dia em que se apagaria por completo. Porém, o ser humano tem esperanças "tolas" mesmo que a razão já lhe tenha mostrado a realidade irreversível. E a notícia da morte do meu avô atingiu em cheio a tal esperança dos vivos da família. A morte veio mostrar que a ausência daquele velho membro foi definitiva.
Provavelmente todos os membros restantes da minha família paterna derramaram lágrimas hoje. Bem, menos eu. Meu peito apertou ao ver e pensar na tristeza dos meus parentes, também fiquei tensa por não saber o que dizer ou fazer para amenizar a atmosfera pesada e consolá-los. Mas foi só.
Talvez eu fosse a única a não ter esperança alguma de que meu avô sobrevivesse. Acompanhei de perto o sofrimento terminal muito pior da minha avó materna, e, mais que isso, o sofrimento causado no resto da família pela esperança de salvar o membro já completamente debilitado e cansado de tanta dor. E, ainda, de como a aflição da minha família materna parecia torturar ainda mais minha avó. Lembro de caírem lágrimas dos olhos dela, numa tarde em que eu e algumas tias ou primos (a memória já está borrada) nos reunimos em volta dela e a pressionamos para que falasse algo, que, claramente, ela não conseguiria. Me sinto uma egoísta, junto com o resto da família, por ter criado momentos perturbadores como esse.
Então, hoje, ao saber da morte do meu avô, pensei que o sofrimento do velho querido e brincalhão terminou. E foi esse o meu pensamento mais forte.
Assim, pra mim, o dia foi de sol poente desde cedo, mas foi resignado.